Velhice fashion: mais uma estorinha de shopping
Clotilde Tavares | 28 de abril de 2009Se eu fosse contar aqui o que já me aconteceu em shopping-centers, consultórios médicos, bancos e em qualquer desses lugares onde há alguém postado atrás de um balcão ou de um guichê para atender ao público – eu ia ter assunto para um livro completo. Um livro cômico, porque as situações são engraçadas; mas também um livro triste, porque certas cenas são tão patéticas que dá vontade de chorar.
A criatura que sempre está colocada atrás de um balcão, ou de um guichê, ou dançando na nossa frente, como já falei aqui, retrata casos graves de despreparo de pessoal, mostrando que é mais do que necessário que se dê um jeito urgente nessa questão, principalmente se os governantes almejam um destino turístico para regiões onde essa indústria ainda é incipiente.
Mas deixe eu contar minha historinha.
Estou eu atrás de comprar uns óculos escuros, desses da moda. Entro na lojinha modernosa, com um atendente por metro quadrado, e começo a exprimentar os artigos do mostruário. Óculos você sabe como é: uma coisa linda, mas que quando se põe no rosto às vezes não fica tão bem.
A jovenzinha que me atende – 17? 18 anos? – diz que eu fico linda e maravilhosa com todos os modelos que experimento, e eu vou lá, experimentando e me olhando ao espelho sem dar muito ouvidos ao tagarelar incessante dela. Aí, de repente, não mais que de repente, um modelo ficou belíssimo. Armação vermelha, um material parecido com acrílico, ou plástico, sei lá, lente escura, parecia feito para mim.
A garota disse logo: “Esse é um modelo bem jovem.” E eu fiquei logo pensando que aqueles óculos deveriam ter sido fabricados há uns dois ou três dias, para serem tão jovens assim. Mas só pensei. Não disse. O que eu disse era que tinha gostado daquele, coloquei-o no rosto e fui soltar o cabelo, que estava preso, para ver se o efeito permanecia com o cabelo solto. Tenho o cabelo longo, bem cortado e muito bem tratado.
Quando soltei a cabeleira, e agitei minhas madeixas de um lado para o outro, o efeito foi arrasador. A garota bateu palmas e quase gritou:
– Ai que coisa mais linda! Quando eu ficar velha, quero ficar igualzinha à senhora!
Foi um elogio, não foi, caro leitor? Eu pelo menos até hoje tenho tomado isso como um elogio. Estou velha, mas pelo menos já tem alguém que quer ficar igualzinha a mim quando chegar à minha idade. Mas imagine só se eu fosse uma dessas clientes que quer ser jovem a todo custo? A criaturinha maravilhosa que me elogiou, de forma tão espontânea e divertida, teria perdido o emprego ali mesmo se a cliente tivesse se sentido ofendida e feito uma reclamação ao gerente.
Terminei não comprando os óculos. Custavam um-nove-zero, ou seja,R$ 190,00, porque agora não dizem mais o dinheiro nem a idade direito. Agora as coisas custam dois-quatro-três em vez de R$ 243,00 e no aniversário as pessoas completam cinco-ponto-quatro em vez de 54 anos.
Não comprei porque na loja de departamentos em frente tinha uma promoção de um forno de microondas, por um-nove-nove, e eu coloquei mais nove reais e trouxe para casa algo mais consistente e útil do que os tais óculos que me transformaram, pelo menos por um instante, num ídolo da velhice fashion, qual Greta Garbo renascida das brumas do passado.
[…] de relacionamento com o vendedor, um processo às vezes inusitado. Já falei sobre isto neste blog, aqui e […]
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Amei…
o correto é chili beans…
[…] de Benjamin Button 1 05 2009 A propósito do título de post recentemente colocado aqui – Velhice fashion: uma estorinha de shopping – muita gente me questionou sobre o uso do termo velhice. Acham que eu deveria ter escrito outra […]
Eu imaginei aquela cena que uma prima de Ross e Mônica vem visitá-los e toda vez que ela solta o cabelo ficam todos babando, inclusive Phoebe.
ahahahahah
Adoro seu blog, muito divertido e interessante.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Eu imaginei aquela cena hollywoodiana, em câmera lenta e os cabelos se soltando… os cabelos bem tratados! E depois os pulinhos da menina… e imaginei sua expressão facial, isso em segundos, aqui… agora imagine a gargalhada que soltei bem espontânea! Bjs.
Deixei de contratar uma empregada porque ela disse que havia saído do último emprego porque trabalhava demais. E pior, disse também ” trabalhei tanto que fiquei magra, acabada, assim….assim…igual a senhora, sabe?”
Não é interessante vermos como as pessoas se preparam para viver, mas não para conviver? Beijos.
kkkkkkk
só vc mesmo…
saudades!!!
Clotilde amada, eu quero ser que nem tu agora mesmo! ;o) Como faz?
amei essa do shopping,comigo acontece direto,espero q a loja do oculos não seja a chilibeans,pois fui lá um dia desses comprar um relogio e além da menina parecer q estava fazendo um grande favor em me atender ainda estava com as unhas todas sujas por dentro,fiquei horrorizada,e pensei como é q contratam pessoas tão desgualificadas para trabalhar,principalmente atendendo o publico!! vc está de parabens!!!
amei essa do oculos,o pior q tem mesmo isso direto,comigo to cansada de ser mal atendida,só espero q não tenha sido ba shilli bens,pois da ultima vez q fui lá,a menina q me atendeu tava com as unhas pretas de sugeira,e fora q parecia q estava me fazendo um favor em me atenderfiquei horrorizada,como é q contratam pessoas tão desqualificadas.
vc como sempre arrazandoooooooooooooo
Adorei! como sempre…
beijos.
Voce sempre escrevendo encantadoramente… adorei!
beijos.